Vivo
numa grande peça de teatro com passos ensaiados sobre escolhas e destinos
melancólicos de um pobre alguém. Uma peça em que sou o produtor, ator e a
plateia, onde por trás de seu grande sucesso existem boatos e segredos
moribundos. Uma peça em que seu desenvolvimento se torna tão melancólico que só
há um possível desfecho devido à indubitável morte física de meu alguém. Meu
alguém que nasceu, morreu, renasceu e desmorreu inúmeras vezes ao longo de sua
surpreendentemente previsível vida.
Vivo
uma espécie de hospital mental durante uma crise incessável de loucura entre
seus pacientes. Um surto de calmaria e desespero, lucidez e insanidade. Diários
gritos de desespero que, ao passo que me surdam, são taciturnos.
Vivo em
uma luta marcada por antíteses que completamente coerentes apenas em seus
significados mais profundos, mas que por fora, me completam de incertezas. Lutas
agoniantes de mim para mim que me incham de nadas e vazios.
Vivo
vidas e realidades, sonhos e pesadelos, calmarias e tempestades. Vivo, mas não
vivo. Minha mente vaga de sonho em sonho alternando realidades paralelas à
procura de alguma que gere identificação ou sentido em minha vida física. Não
vivo, sobrevivo através de meu nomadismo mental. Não sou algo além de
metafísica. Não vivo em nada que necessite qualquer resquício de concretização
maior que a pura essência de minha alma e mente que viaja dentro de si mesma.
Sou apenas
meu alguém dentro de meu teatro. Sou meu próprio paciente sendo cuidado por mim.
Sou meu lutador. Minha plateia. Sou meu governo. Meu pão. Meu circo. Sou tudo e
nada. Vivo meu mundo dentro de mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário